Você já promoveu alguém por bom desempenho ou tempo de casa — mas, pouco tempo depois, começou a se perguntar: onde foi que eu errei? Não se preocupe: você caiu no velho, clássico e quase sempre ignorado Princípio de Peter

Esse artigo explica como a promoção de bons funcionários pode levar a resultados desastrosos — impactando a produtividade, liderança e até o caixa do seu restaurante. 

Entenda o Princípio de Peter: o vilão invisível da sua gestão

O termo foi criado por Laurence J. Peter, um educador canadense que, em 1969, lançou uma provocação que até hoje assombra organogramas pelo mundo:

“Em uma hierarquia, todo funcionário tende a ser promovido até alcançar seu nível de incompetência.”

Ou seja:: a pessoa vai sendo promovida porque é boa no que faz… até chegar num cargo onde ela simplesmente não dá conta. E quando isso acontece, nem ela, nem a equipe, nem o restaurante saem ilesos.

O dia em que o melhor cozinheiro virou um chef ruim

Pega esse exemplo (real, com nome trocado para proteger a reputação do risoto da casa):

O Rafael era o cozinheiro mais eficiente de uma Risoteria. Rápido, organizado, liderava o ritmo do serviço sem precisar levantar a voz. Um monstro no fogão.

Até que o chef da cozinha pediu as contas. E o dono do restaurante pensou: "Já sei! O Rafa resolve tudo aqui, é ele quem vou promover."

Dois meses depois: atraso em pedidos, turnover subindo, briga entre turnos, estoque virando bagunça.
Por quê?

Porque ser um ótimo executor não é o mesmo que ser um bom gestor. Liderar uma cozinha exige habilidade de comunicação, controle emocional, leitura de números, gestão de pessoas, conhecimento de custos e visão de negócio.

Rafa, coitado, virou líder sem ter sido preparado. E o resultado foi previsível: perdeu a confiança, perdeu a equipe — e quase perdeu o amor pela gastronomia.

Por que o Princípio de Peter é quase uma epidemia nos restaurantes?

Simples: no food service, a gente corre. Todo dia tem incêndio para apagar. E quando aparece uma vaga de liderança, a tendência é premiar quem “sempre deu conta do recado”.

E essa cultura do “promover o fulano que resolve” esconde uma verdade desconfortável: muita gente boa tá sendo promovida ao fracasso. Por lealdade, por tempo de casa ou por impulso.

Como o Princípio de Peter afeta sua equipe, seu caixa e sua gestão 

  • Desmotivação da equipe: um líder despreparado gera insegurança e desalinho.
  • Perda de talentos: pessoas competentes são “punidas” com promoções que elas não queriam.
  • Rotatividade alta: ninguém gosta de trabalhar num time que parece um episódio caótico de "Pesadelo na Cozinha”.
  • Decisões ruins de negócio: porque o novo líder não interpreta dados, não sabe cobrar nem delegar.

Como blindar seu restaurante do Princípio de Peter 

1. Pare de promover por impulso

Antes de qualquer promoção, sente e responda:
“Quais habilidades esse novo cargo exige?”
“Essa pessoa tem (ou quer desenvolver) essas habilidades?”

Se a resposta for não, segure a onda. Melhor treinar agora do que demitir daqui seis meses.

2. Pratique a promoção horizontal antes da vertical 

Faça seu time entender que crescimento não precisa ser vertical. Um garçom referência pode ser um treinador de novos garçons ao invés de virar maitre. Uma cozinheira pode liderar a padronização sem virar subchefe.

Nem todo mundo nasceu para liderar. E tá tudo bem com isso.

3. Reavalie sem culpa

Promoveu e não funcionou? Conversa franca, apoio e — se for o caso — reposicionamento com dignidade.
Melhor recuar com respeito do que forçar a barra e perder dois profissionais de uma vez: o promovido e quem trabalha com ele.

Conclusão — Antes da próxima promoção, pare e pense

Promover alguém é uma decisão estratégica, não uma recompensa por bom desempenho. Quando feita sem critério, essa escolha pode desorganizar a operação, desmotivar a equipe e prejudicar a experiência do cliente, impactando diretamente o caixa no fim do mês.

Lembre-se: o sucesso do seu restaurante depende não apenas do que você serve, mas de quem você coloca no comando.

Quer evitar que o próximo líder da sua equipe seja mais desastroso do que uma faca cega em hora de pico? Me chama. Vamos montar um plano que salva seu time — e o seu fluxo de caixa.


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